“Acordo, mas não
sinto vontade de levantar. Não avisto esperanças e nem expectativas. Cansado de
todo esse desanimo, resolvo com certo esforço caminhar até o Jardim.Transporto comigo
dois amigos que me acompanham em dias solitários, o caderno e o lápis. É inverno, o dia está
lindo e o céu pintado de azul claro. Raios de sol tentam infiltrar meu esconderijo,
mas não consegue. E aqui estou eu no jardim, sozinho e sem a claridade do sol,
mas não me importo, tanto faz. Sento em um
banquinho, pego meus companheiros e começo a escrever para mim mesmo, afinal
quem se importaria em ler minhas anotações?
Minhas letras não têm
rimas, nem são tão bonitas. Elas apenas descrevem minhas percepções e minhas
lamentações. De alguma forma, isso deve me fazer sentir-se melhor, pois escrevo,
escrevo, escrevo... E o porquê de tantas palavras registradas nesse caderno,
ainda não sei. Por um instante paro minhas lastimas e me indago:
Qual o motivo que tanto escrevo?
O silêncio soa no
vazio, meu coração dispara e em minha face uma expressão de preocupação começa
a transparecer. Reflito e insisto em responder meu próprio questionamento. Elevo meus olhos
novamente para o céu e percebo alguns pássaros voando entre nuvens que parecem
pedacinhos de algodão e desejo por um momento estar sendo iluminado pelo brilho
do sol. Fecho meus olhos
tentando encontrar dentro de mim a paz, um motivo para estar feliz. Sinto as lágrimas
escorrendo pelo meu rosto e não consigo me conter quando de repente um forte
vento passa sobre mim e misteriosamente sussurra em meus ouvidos me fazendo
acreditar não estar mais só. Meu pranto cessou, a
paz e a alegria invadiram meu Jardim que outrora era solitário, mas agora é repleto
de luz, posso contemplar os raios iluminando este lugar. Eu notei que apesar
de toda a solidão, no fundo do meu coração, eu escrevia por ter fé.
Fé que existe alguém
para me ajudar a replantar harmonia e sorrisos ao meu jardim.”
(Discípulos do Rei)
"E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam."
(Isaías 58:11)
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