quarta-feira, 23 de julho de 2014

Jardim de Solidão

“Acordo, mas não sinto vontade de levantar. Não avisto esperanças e nem expectativas.  Cansado de todo esse desanimo, resolvo com certo esforço caminhar até o Jardim.Transporto comigo dois amigos que me acompanham em dias solitários, o caderno e o lápis. É inverno, o dia está lindo e o céu pintado de azul claro. Raios de sol tentam infiltrar meu esconderijo, mas não consegue. E aqui estou eu no jardim, sozinho e sem a claridade do sol, mas não me importo, tanto faz. Sento em um banquinho, pego meus companheiros e começo a escrever para mim mesmo, afinal quem se importaria em ler minhas anotações?
Minhas letras não têm rimas, nem são tão bonitas. Elas apenas descrevem minhas percepções e minhas lamentações. De alguma forma, isso deve me fazer sentir-se melhor, pois escrevo, escrevo, escrevo... E o porquê de tantas palavras registradas nesse caderno, ainda não sei.  Por um instante paro minhas lastimas e me indago: Qual o motivo que tanto escrevo? 
O silêncio soa no vazio, meu coração dispara e em minha face uma expressão de preocupação começa a transparecer. Reflito e insisto em responder meu próprio questionamento. Elevo meus olhos novamente para o céu e percebo alguns pássaros voando entre nuvens que parecem pedacinhos de algodão e desejo por um momento estar sendo iluminado pelo brilho do sol. Fecho meus olhos tentando encontrar dentro de mim a paz, um motivo para estar feliz. Sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e não consigo me conter quando de repente um forte vento passa sobre mim e misteriosamente sussurra em meus ouvidos me fazendo acreditar não estar mais só. Meu pranto cessou, a paz e a alegria invadiram meu Jardim que outrora era solitário, mas agora é repleto de luz, posso contemplar os raios iluminando este lugar. Eu notei que apesar de toda a solidão, no fundo do meu coração, eu escrevia por ter fé. 
Fé que existe alguém para me ajudar a replantar harmonia e sorrisos ao meu jardim.”
  
                                                 (Discípulos do Rei)



"E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam."  
(Isaías 58:11)



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